November 07, 2010

falta paciência, faltam companheiros, faltam as fantasias de antigamente. olha, se eu pudesse seguir um conselho próprio, tentaria com todas as minhas forças não esperar das pessoas. não digo não esperar demais. apenas, não esperar. e não doaria. nada. as pessoas sugam, primeiro seus excedentes, depois sugam o que lhe é necessário e deveria ser somente seu. o seu insugável. e pegam o táxi, o trem, as roupas e vão. mas deixam marcas. há marcas boas, claro que sim. mas a maioria são entradas para os canudos. os sanguessugas... compreende? sanguessugas que me lembram o clássico 'stand by me'. saudades. 'e nunca mais tive amigos como os que eu tive aos 12 anos'. é, king, você é o rei.

May 14, 2010

eu queria te dizer umas coisas, umas coisas que eu não posso dizer porque existem barreiras físicas e psicológicas, porque não é certo - nunca foi, nem será - e porque a vida me empurrou pra longe de você com toda a força dessa tal dessa gravidade que esse tal de newton inventou de descobrir. eu queria falar tudo que eu não disse porque eu sabia que você já sabia - e que não faria nenhuma diferença se eu tivesse dito -, só pra ter mais um momento daqueles de filme em que todo mundo fica torcendo que termine com um beijo, mas que, de todo jeito, nunca termina (só que ninguém se importa porque aqueles segundos de olhar perdido, sem som, só com aquela batida forte e atordoada ao longe são mais... não queria ser brega e dizer' lindos', mas me falta vocabulário!). aliás, falando em filme, foram tantas cenas assim, que acho que todas as músicas, óperas, poesias... toda a arte que gira em torno do romance foi feitas por cineatas, compositores e poetas invejosos que não viveram um amor como o nosso - que, na verdade, acredito que tenha sido só meu mesmo...



November 02, 2009


acordou. porque era o óbvio a fazer. duas e quinze da tarde... uma boa média para um feriado, mesmo considerando que não tivesse feito nada de muito interessante no dia anterior. é, acordou. e o de sempre: escovou os dentes, tomou café, banho, consciência de que tinha um trilhão de coisas pra fazer e, depois da consciência, vergonha na cara. debruçou-se na escrivaninha... contos, vários, precisava terminá-los, editá-los, enviá-los. ecrever era um prazer, mas, às vezes... demorou cerca de duas horas e quinze minutos pra perceber. aquele dia não era... bem, normal... era impressão, só podia ser impressão. mas aquela tarde... tão gélida. era primavera, não era? e estava fazendo sol, não estava? então, mas que friagem! e aquela música clássica tocando na sala, quem naquela família desajustada ia ouvir música clássica às quatro e meia de uma tarde de feriado? e aquele cheiro. era um cheiro tão familiar. era frio, o cheiro. e reconfortante. fechou as janelas. fim de tarde bonito lá fora. era uma sorte conseguir olhar uma brechinha do mar pelo buraco do ar-condicionado. não era como se morasse numa cobertura de vista pro atlântico, mas aquele buraquinho, por dias a fio, a fazia sorrir um sorriso cansado, quando lembrava da dádiva que era ver acordar e ver o mar. e pensava naqueles que moravam no gelo. mas também devia ser uma dádiva ver o gelo e o sol refletindo nele, pálido e frágil. aí pensava naqueles que moravam no sertão... mas sempre haveria uma dádiva, quem sabe, uma daquelas flores que dão bem em cima do cacto. bonitinhas, aquelas flores... pegou o telefone, ligou e o coração estava meio aos pulos, não tinha certeza do porquê. os olhinhos não tão oblíquos, mas bastante dissimulados - aliás, era um sinônimo perfeito pra dissimulação, aquele olharzinho - marejaram. lembrou de uma música triste. desligou o telefone. e continuou o que tinha que continuar. de repente, mais um arrepio frio. viu a faca, o cabo branco, pendendo da cabeceira. se perguntou o que ela estava fazendo ali. de repente, sem pensar muito, segurou delicadamente, levou ao pulso, o acariciou com a lâmina. de novo, o frio. era um frio mórbido. gostou da sensação. quando percebeu o que estava prestes a fazer, ficou horrorizada. largou a faca e tentou pensar em outra coisa. tinha que confessar, era meio impossível. voltou a escrever. é difícil escrever quando pensamentos de morte vêm à cabeça. pegou o telefone de novo, a cada sinal de linha, um nó ia apertando mais. e ouviu a voz. a voz suave, mas nem sempre delicada, que ouvira desde seu primeiro dia nesse mundo. limpou a garganta e falou, firmemente, mas no tom mais doce que teve forças de emitir 'tô com saudade. é só tô ligando pra dizer que eu queria lhe ver, passar aí antes de ir...'. a mãe não esperou a frase terminar, puro instinsto, quase gritando 'que história é essa, ir pra onde, menina?', 'calma, ir pra aula, de manhã. queria passar aí, pra lhe dar um beijo, faz tempo que eu não lhe dou um beijo, mãe. mas vou sair cedo demais, talvez na volta... na volta, lhe dou o beijo, bem, eu... tchau...'. e chorou, por uns minutos. não beijou ninguém antes de ir. nunca mais voltou.

August 01, 2009

ao vê-lo na entrada do bar pôde sentir verdadeiras descargas elétricas através de cada milimetro do corpo. era como se estivesse sambando descalça numa poça d'água agarrada a um fio de alta tensão. sentia ondas de frio e de calor, tremia, e não conseguia tirar aquele sorriso - embora a descrição mais justa fosse 'espasmo bucal' - do rosto. toda mulher teria a mesma reação frente a ele.
era uma combinação da maldita inocência que as sardas proporcionam com um sorriso de cafajeste. ah, homens com cara de cafajeste... desde criança sempre apreciara um bom cafajestezinho. daqueles que roubavam as bonecas, que batiam, que colocavam apelidos constrangedores. não conseguia se lembrar de ter se apaixonado por algum tipinho com cara de boboca. sempre cafajestes! tão deliciosos... como as comidas mais gostosas, sempre faziam mal no fim das contas, mas nada era mais satisfatório que lidar com um. agora entendia porque simplesmente o número de gays havia triplicado nas últimas duas décadas: tinha a certeza de que estava concentrada ali toda a testosterona do mundo. e isso a fazia cravar as unhas nas pernas e sentir cada pelinho que lhe cobria se eriçar. na hora de se despedir, teve que controlar todos os malditos impulsos, embora pudesse jurar que mais malditos que os impulsos só o senso de comportamento que lhe impedia de agarrá-lo. e quem disse que um beijinho na testa valia menos que uma noite com um homem? respirou fundo e viu aquela figura diabolicamente divina dando meia volta e indo embora.
sobre o fim ou mas também não é pra tanto...

eu não me lembro perfeitamente do fim de cada relacionamento, paixonite ou situação-indefinida que eu tive. até porque - darwin que me perdoe se eu estiver falando besteira - deve ser necessário, pra evoluir, esquecer tudo aquilo que machucou na hora, mas não serviu pra muita coisa. mas existem 'fins' que eu sei, eu sei bem, que mesmo que eu reencarne numa tartaruga gigante daquelas que vivem bem pra lá dos 100 anos, eu nunca vou esquecer. (...) há fims que ainda machucam e precisam ficar enterrados, até apodrecer, pra só depois a gente cavar fundo e brincar com as ossadas. o fato é que é mais ou menos isso. você vai até o fim do poço e da picada. num estado de delírio emocional profundo, começa a concordar com alexandre pires quando ele canta 'é a dor mais funda que a pessoa pode ter'. chora. não come ou come demais. não dorme ou dorme demais. quer beber, quer se jogar do brêda ou da ponte do reginaldo, quer sumir do mundo. quer ligar e dizer que foi um erro. e não quer falar com ninguém. tudo isso ao mesmo tempo. e tudo isso é muito pra um coração partido em 719,2 pedaços (sim, eu contei!) processar. mas o fato é que ele vai se reunindo. às vezes, aos poucos. às vezes, mais rápido do que você poderia imaginar. o coração é que nem um vampiro morto a dentadas (antes de pegar fogo!). não consegui pensar em outra metáfora. o que eu quero dizer é que o coração é forte e capaz de se ajeitar sozinho, é só uma questão de você dar chances pra que ele faça isso. quando ele estiver reabilitado e só sobrarem cicatrizes e uma ou duas rachaduras, você vai ver que agiu feito thalia quando perdeu seu filho e a memória. lágrimas demais por uma novela de baixo-orçamento! erga a cabeça, reconstrua a choupana e passe pra outra. você vai sofrer tudo de novo, mas agora, pelo menos, você já sabe que é capaz de sobreviver!
a esperança é um cacto. você olha ao redor, tudo é deserto. nem sinal de água, nem sinal de ninguém. e ela continua lá, resistindo. é um cacto, daqueles de braços abertos pro nada, querendo que um louco qualquer se arrisque ao abraço. às vezes, dá até flor. e só pede, em troca, que você espere junto com ela, que crie raízes, que se prenda ali. um cacto. e eles machucam.
é cedo e eu não consigo dormir. mas não consegui mesmo quando era tarde. me falta sono, palavras, certezas, um balde d'água, um extintor, um exorcista, um alicate. qualquer coisa que me aliene, alivie ou apague. que arranque de mim esse maldito ponto que cresce mesmo sem luz, sem ar e sem vontade. que vai se arrastando pelos dias afora e que me arrasta junto. pra perto, mesmo longe, de você.

May 22, 2009

decidir roupa, tema, lugar, discurso e a porra toda de formatura,tenho que admitir, anda me deixando meio nostálgica, pra não dizer deprimida. tá, é muito provavel que as lágrimas que se formam agora no cantinho dos meus adoráveis olhos sejam meros frutos da TPM ou da piaf cantando no meu pé do ouvido, mas eu não posso negar que relembrar os últimos dois anos e meio, que passaram voando, é algo que me aperta o coração. no princípio era o verbo... transitivo, intransitivo... e, no vestibular, eram apenas aqueles malditos concorrentes: o cara que passou mal, o gracinha a quem eu dei um chocoalte, a amiga da nathália... quem diria que eles se tornariam o meu grande confidente willian, o ainda gracinha e batuqueiro pra caralho do carlyson, a minha quase-alma gêmea suzy? e, de um minuto pro outro, - quase - todos aqueles desconhecidos que entraram naminha vida sem pedir licença, se tornaram indispensáveis. no dia da matricula, pareciam que os deuses tinham mandado aquela chuva comoum sinal de que o que estava começando ia dar errado. e o que deu errado foi o plano dos deuses. ha-ha-ha! quase que o sol aparece quando a gente entrou na sala do bispo pra pegar a assinaturano comprovante de matricula, cantando 'malandrinha'. formaram-se grupos, formaram-se laços. formaram-se nós. e um belo trocadilho! e as malditas coisas tornaram-se bênçãos. pegar ônibus cheio, virou motivo de ansiedade. assistir aulas intermináveis, virou motivo de riso (pra infelicidade de alguns professores). e, num lugar onde encontrar desistimulo é quase certeza, um encontrou no outro um motivo fortíssimo pra seguir em frente, quatro anos adiante. e é provável que boa parte de nós não tenha aprendido muito sobre o que se veio aprender. afinal de contas, alguém se lembra do que se tratava o livro do franz bouas da aula de antropologia? dúvido! mas eu sei ninguém esqueceu do willian levando 'correr atrás do ônibus' ao pé da letra. alguém sabe do que se trata o juízo de gosto de kant e a sua maldita complacência? não! não! não! mas até hoje todo mundo ri quando vem a imagem mental do bispo irritado com as gargalhadas e, mais ainda, com o 'eu não estou rindo, eu estava rindo'. skinner? kotler? eco? pierce? santaella? no máximo, associar autores às matérias... tirando a manaíra, quem poderia dar uma explicação de cinco minutos sobre meios quentes e frios, primeiridade, fase oral, populismo, descartes, a importância da universidade na formação da opinião pública, release, pirâmide invertida, os quatro Ps do marketing? o que foi que o décio pignatari disse mesmo naquele debate? afinal de contas, alguém aí já descobriu o que é o belo? do venha ver o pôr-do-sol, todo mundo lembra, mas porque foi impossível esquecer aquela primeira aula de português como maluco do nilton. impressões? sensações? as melhores. e mais um ciclo está se encerrandonas nossas vidas. ah, e não posso deixar de citar nossos amigos e rivais: os jornaleiros. depois de um tempo, a gente até aprendeu a gostar das focas que seriam capazes de equilibrar até um navio naqueles focinhos - digo, narizes, empinados! sairemos dessa faculdade um pouco melhores e um pouco piores. mas só de estarmos completamente diferentes, já é um grande passo. e ninguém poderá dizer que nós não tomamos um vinho no pátio, organizamos um evento, ganhamos dinheiro, namoramos nem fomos felizes... ou será que a gente finalmente vai receber um e-mail da jackeline?! :O

March 19, 2009

chorando, semi-desesperada, sentindo o peso das perguntas, sem saber como deixar tudo pra trás. sabia que tudo tinha sido tão bonito, mas os dias se passavam e nada melhorava. já tinha me cansado dessa guerrinha, já tinha perdido tudo que tinha a perder. mas os dias se passavam e... há muito, já era hora de entender que não era culpa de ninguém, de enxugar os olhos inchados de chorar milhares de tempestades noturnas só pra tentar afogar os sentimentos ruins. olhei as fotos e vi tudo se desfazer, me perguntei onde as coisas tinham começado a dar errado, tentei endurecer, cansei de procurar desculpas pra me sentir bem, então os dias começaram a passar e as coisas ficaram, de fato, um pouco melhores. o fato é que ele despertou o que havia de melhor e pior em mim, me ofereceu tudo o que poderia, sem egoísmos. e, por esses motivos, eu não poderia esquecer ou substituir os momentos doces que havíamos passado juntos. e, por mais que nós não devêssemos ter desistido tão facilmente, eu sei que ficar longe era a melhor opção pra nós dois. e que, no fim das contas, a gente ia acabar se encontrando no final de alguma estrada. enquanto isso, os dias passavam e... no meu maldito coração burro, sempre haveria um lugar pra ele. o que mais me magoava e me deixava confusa era isso.

February 25, 2009

não teve sequer um segundo para analisar como se sentia. poderia dizer, apenas, que era como se houvesse uma pedra de gelo no lugar do seu estômago. não, aquilo era pouco. era como se toda a geleira do alasca tivesse mudado para o seu estômago. pensou que fosse vomitar, mas, provavelmente, eram só pinguins, focas e ursos extasiados pela mudança de ares tão repentina.