abraçaram-se brevemente. ela sabia que, caso, um dia, ele fosse embora pra não voltar mais, não se sentiria segura daquela maneira ao lado de ninguém mais. e aquele pensamento lhe atravessou ponta a ponta do corpo, em forma de calafrio. ela o puxou pra perto de si novamente, só pra garantir que o cheiro ficaria presente na camisa, fazendo-a dormir mais uma noite, fazendo-a ter motivos pra acordar pela manhã. nunca pôde imaginar que olharia alguém no olho, pelo simples prazer de olhar, sem medo de ser desvendada, sem a insegurança de que descobrissem que só estava ali presente em corpo, que o coração estava com um outro lá longe e que a alma já tinha se esvaído daquela carcaça que não valia muito. sabia que estava vulnerável, que se machucaria com a mesma facilidade com que se machuca um passarinho que cai por entre selvas de asfalto e corações de pedra. e o medo de perder alguém por quem você se perdeu é o mais duro de agüentar. ainda assim, pretendia ir mais fundo naquele labirinto. queria beijos de final feliz e pra sempre intermináveis. e quanto mais medo sentia, mais precisava precisar daquele abraço.
September 30, 2008
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