eu não precisei sair da alfabetização pra conhecer a grande verdade da vida literária: a vontade de escrever é inversamente proporcional a necessidade de escrever. as malditas palavras vão fluir, incessantes, incansáveis, irritantes, numa tarde ociosa de terça-feira nas férias, porém, se esconderão na mais tenebrosa vala cerebral um dia antes de terminar o prazo de fechamento de um matéria valendo nota (provavelmente se escondem ainda melhor caso a matéria valha um salário, mas eu ainda não cheguei em tal fase desesperadora). eu tento, tento, tento, mas não sai. a primeira frase está empacada feito uma mula velha e não há nada que a faça dar uma voltinha no papel. isso me lembra meu primeiro exercício de 'escreva, pois você está sendo obrigada'. deve ter sido na primeira série (e se repetiu por longos e árduos anos até que eu saísse do fundamental). contar como as férias haviam sido não era nada extraordinariamente impossível, mas o fato de estar sujeita a pena de perder um intervalo, caso não o fizesse, me deixava completamente travada. escrever não deveria ser uma obrigação, uma sentença, um martírio... deveria ser vontade, necessidade, uma ânsia incontrolável de jogar palavras pra fora de si mesmo. é mais ou menos como tirar água de um poço: se está cheio vai, invariavelmente, transbordar; se está seco pode até dar um pouco de água, mas, na melhor das hipóteses, ela vai estar cheia de pedrinhas.
March 18, 2008
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