February 25, 2009

e quanto mais ele lançava toneladas de palavras que remetiam a idéia de que eu era sem coração, mal-educada, infantil, egoísta e insensível, eu divagava sobre quantas vezes seriam necessárias bater com a cabeça dele na parede em que ele estava encostado até que ele parasse de falar - para sempre. e um sorriso cruel foi se esboçando nos cantos dos meus lábios. o sorriso veio da idéia de que a parede ficaria completamente manchada de sangue e que ele seria como um dos mortos daqueles filmes que satirizam filmes de terror: continuaria tagarelando enquanto seus miolos atingiam os pobres transeuntes. foi ali que eu percebi o quanto a situação era triste. tudo que o antingia me fazia feliz. me deliciava tudo que doía nele, mesmo que eu só fosse capaz de machucá-lo em pensamento. porque - oh, deus - eu preferia que centenas de raios me atingissem a vê-lo cortar o dedo com o papel. claro, no momento, a coisa que eu mais queria era cortar a cabeça do indivíduo fora com papel. serrar a cabeça dele, com papel. depois picotear a cabeça dele com o mesmo pedaço maldito de papel. mas essa sensação estranha, esse ódio repentino, era algo que passaria, não era? porque além de o fato de ele ser o pai do meu possível filho, quando o papel ficasse ensaguentado, ele amoleceria e não cortaria mais nada. o que seria muito frustrante. enfim, não era essa a questão. a questão era: será que eu me sentia tão irritada por ter sido feita de idiota? ou será que a hipótese - mais idiota ainda - dele estava certa? eu só tinha levado a discussão adiante demais por ciúmes? agora aquilo pouco importava. havia algo mais importante a se descobrir...

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