November 29, 2008

a eternidade pode parecer um segundo
e um segundo pode parecer uma eternidade.
é tudo uma questão de sua ausência.

mas... já? :~

November 01, 2008

por quê? porque eu vou sentir falta do que a gente é e do que a gente poderia ter sido, se tivesse bem mais tempo. da nossa família de propaganda, dos nossos sonhos realizados e frustrados e até das nossas brigas insolúveis terminadas aos beijos na cama. porque eu vou sentir falta dos carinhos dados - e não dados -, das mãos dadas, dos dados que eu joguei ao apostar todas as fichas em você do meu lado, dos dedos, dos dentes dos sorrisos mais sinceros. eu vou sentir falta de você em mim. e vou acordar procurando a parte que faltava na minha cabeça quebrada, coração partido. por isso, eu não quero que se perca. por isso, eu não quero me perder. então, tenta, porra! tenta não deixar que a pedra deixe a gente pelo caminho. se eu só grito e não saio do carro que tá no abismo, vem comigo, me ajuda a tirá-lo de lá. ou me tira de dentro dele e deixe-o cair, que a gente recomeça tudo de novo, quantas vezes for possível, durante os segundos que a gente ainda tem. só me faz ter certeza que é isso mesmo que você quer. e se não for, vai indo sem olhar pra trás, e, de mim, só leve a lembrança dos beijos de elevador. aqui eu me viro, viro as costas e sigo um outro rumo. vai doer, mas sempre passa. as memórias boas serão a morfina; as más, serão os pontos. quando você virar cicatriz, vou ficar feliz de te olhar marcado em mim. se quer continuar aqui, continue, mas de corpo e alma. só não fique aqui se for por medo de se achar só: vamos sempre ser só um, até que numa linha reta, você encontre um outro ponto e pegue um ônibus pra longe de nós dois. que, dure, pelo menos , o quanto a gente puder. porque eterno, pelo menos pra mim, o nosso já é. ♥

October 26, 2008



- e cadê a declaração? que dos melhores eu sou o pior? pensei que fosse uma declaração de verdade...
- não, não.
a declaração de verdade é que eu te amo e que não pensava que fosse amar tanto. e que eu sou louca por você. e que eu acho que a cada dia eu enlouqueço mais. e que eu sinto falta de cada segundo que você tá longe ou que a gente desperdiça com coisas inúteis, tipo discutir. que eu tenho medo que os segundos desperdiçados acabem pesando mais que os momentos legais e que cada um resolva que viver sua vida longe um do outro é a melhor solução. e que eu queria falar mais contigo, ser mais sua amiga do que a mulher que te arrasta pra cama - mesmo que não vá fazer nada com você lá :P - que eu queria poder acabar com isso de 'de vez em quando, a gente parece que não se conhece, que tá só ficando, que não tem nada em comum', mesmo que a gente não tenha. a declaração de verdade é que você me fez sentir

coisas que eu achava que eu já tinha sentido, mas que ficaram bem diferentes quando aconteceram com você. e que você me fez apaixonar no segundo em que eu coloquei os olhos no seu cabelo cheião e no seu corpo magricelinho. e que eu queria você pra ser o pai dos meus filhos e que há uma grande possibilidade de que isso não aconteça, o que vai me fazer acabar pensando: 'nossa, com ele ia ser diferente!'. a declaração de verdade é que eu te amo muito e que eu acho que ter ficado com você foi a coisa mais idiota que eu devo ter feito na vida porque eu sei que no dia que você decidir que cansou de mim, de brigar comigo do meu jeito ranziza, fechado e da minha terrível mania de não conseguir conversar, for embora e nunca mais voltar eu vou sentir que eu tive a coisa mais especial e perdi. e que eu vou sempre me culpar por não ter conseguido te dizer as coisas mais bonitas ou as verdades - nem tão bonitas assim - que eu sentia , te dizer o quanto você era importante ou por não ter feito nada - como colocar bombas num aeroporto - pra que você nunca fosse embora. :~

September 30, 2008

abraçaram-se brevemente. ela sabia que, caso, um dia, ele fosse embora pra não voltar mais, não se sentiria segura daquela maneira ao lado de ninguém mais. e aquele pensamento lhe atravessou ponta a ponta do corpo, em forma de calafrio. ela o puxou pra perto de si novamente, só pra garantir que o cheiro ficaria presente na camisa, fazendo-a dormir mais uma noite, fazendo-a ter motivos pra acordar pela manhã. nunca pôde imaginar que olharia alguém no olho, pelo simples prazer de olhar, sem medo de ser desvendada, sem a insegurança de que descobrissem que só estava ali presente em corpo, que o coração estava com um outro lá longe e que a alma já tinha se esvaído daquela carcaça que não valia muito. sabia que estava vulnerável, que se machucaria com a mesma facilidade com que se machuca um passarinho que cai por entre selvas de asfalto e corações de pedra. e o medo de perder alguém por quem você se perdeu é o mais duro de agüentar. ainda assim, pretendia ir mais fundo naquele labirinto. queria beijos de final feliz e pra sempre intermináveis. e quanto mais medo sentia, mais precisava precisar daquele abraço.

September 18, 2008

(sussurrando):
- eu te amo!
- eu também te amo.
- como você consegue ouvir?
- eu sinto.

August 02, 2008

i'm just... i'm just... i'm just scared and i just want you to hold me. and i don't, cause i don't want you to think i'm a stupid kid that needs you in every step of the way. i don't want to look imature or needy or... i don't want you to think, i want you to feel... feel that you woke up something that i've felt only a few times and that is stronger now. something that i can't even realize cause is way too big to figure out. and i don't want this to be missed, to become nothing or just a memory... and just a memory is sadder than nothing at all. :~

July 28, 2008

- o que você quer?
- eu acho que eu só tô tentando encontrar um motivo.
- bem, pela minha experiência de vida, às vezes é melhor não saber. e outras vezes, não existe motivo algum a ser encontrado.
- não. tudo tem um motivo.
- vejamos. aqui tem tortas e bolos. e no final de cada noite, os cheesecakes e as tortas de maçã acabaram, o bolo de chocolate já está perto do fim, mas sempre sobra uma torta de mirtillo inteira.
- então... qual o problema com a torta de mirtillo?
- não tem nada de errado com ela. só que as pessoas podem fazer outras escolhas. você não pode culpar a torta de mirtillo, se ninguém a quer. :/

July 13, 2008

- promete pra mim que vai fazer essa noite mais feliz que esse dia chato, promete? promete logo! não faz essa cara de quem não é capaz. promete e pronto! cumprir é outra história. é outro caminho comprido pelo qual pouca gente passa. se é que alguém passa... pronto, passou. basta, apenas, você prometer. com promessas, eu fico bem. com você, eu fico bem.

July 10, 2008

você enxerga as minhas cores tão bem, que eu queria ter seus olhos. você enxerga as minhas cores tão bem, que eu queria ter você por inteiro. tão bem, que já faz parte da minha aquarela. tão bem. tô bem.

July 09, 2008

e a calma dura tanto?
a calma vira é pranto.
e pronto.

July 02, 2008

não existe mais saco, palavras, idéias ou coisas que deveriam ser ditas. parece que quando tudo está indo bem, a gente vira uma coisa vazia. e escrever serve pra me esvaziar. acho tudo isso meio irônico. eu não posso fazer algo que me faz bem quando eu estou bem... olhando por esse lado, talvez seja a justiça divina atuando para que uma pessoa feliz não se torne eufórica. pode ser que eu volte aqui mais tarde, cheia de aflições, acessos de fúria, coraçãozinho partido e milhares de coisas pra falar, mas hoje, exatamente hoje, eu estou vazia. vazia de lágrimas, vazia de paranóias, vazia de dramas. e esse vazio esta me fazendo sentir estranhamente completa. e é pelo fato de estar tão vazia que eu estou leve o suficiente pra voar pra longe das coisas que me machucaram e eu deixei por aqui.

tchau, blog. :)

June 18, 2008

- se você tivesse me dito que beijava tão bem,
eu teria falado com você antes.
- hahahaha.
- há um ano atrás.

- hahahaha.
- nós perdemos um ano.
- pior que foi.


- mas tá valendo a pena.
- oooown. éé.

June 01, 2008

então, qual a utilidade de gastar minhas palavras,
se dá no mesmo, ou talvez seja até pior, que ler poemas pra um cavalo? :)

April 23, 2008


lá estavam todos aqueles humanos reunidos, entediados, querendo encontrar algo em que valesse apenar focar todo o excedente de atenção. eis que surge uma lagarta? minhoca? minicobra? quem se importa? torce, contorce, retorce. um... passo?! contorce, retorce, torce. outro. e a lagarta se dana a atravessar a rua. interessante como um ser usualmente tão insignificante se torna foco. rasteja como pode até o meio da pista, enquanto todos aqueles estranhos a seguem com o olhar e uma pontada de aflição. vem vindo o primeiro carro...
- ai, meu deus, morreu a lagarta!
- não, ela tá bem! que esperta!
e a lagarta continua na jornada em busca de lugar algum. contorce, torce, mexe mais um pouco. outro carro.
- agora ela já era, não é possível.
- não, ainda tá viva, olha lá.
ainda encolhida, olha pra um lado, pro outro e segue em frente (metaforicamente. se é precisão o que você quer, ela seguia em diagonal. uma pobre rastejante sem-rumo). mais um carro.
- do terceiro, ela não escapa, né?
- não, minha filha, ela ainda está viva!
nisso, um pedestre desavisado vai chegando, chegando, chegando e onomatopéia de lagarta sendo esmagada por humano. metade de um tênis fez o que doze rodas não fizeram: adeus lagarta! e eu segui meu caminho tentando encontrar um significado maior para o triste fim da falecida (e, ainda por cima, uma maneira de segurar todo o líquido contido na minha bexiga até que o ônibus parasse no ponto e eu finalmente chegasse em casa).

April 17, 2008


quando vi, já tinha virado a garrafa. e, por mais que tivessem me avisado, eu nem me importei com a procedência da bebida. fal-si-fi-ca-da, mas forte... amargo! bom! só que agora passou a euforia e a dor de cabeça já tá vindo. agora é esperar a vertigem passar e fugir do bar, da tentação. eu vou pagar a conta, que já tá alta demais, lavar o rosto e tomar um café... se é que sobrou troco.

April 13, 2008


everyone loves drama! paixõezinhas têm que ser complexas, têm que dar errado. só prestam mesmo aquelas histórias nas quais temos certeza que a thalia atuaria... alguém já percebeu que nunca dá certo quando tudo dá certo? coisa simples enjôa, ora bolas. não sou tão vivida assim, mas já vi de quase tudo nesse mundo: irmã com irmão, gato com cachorro, mulher com padre. se for me tomar como exemplo, já me apaixonei por diversos tipos (cada um mais frustrante que o outro, que conste nos autos). um com namorada, um com esposa, uns que tinham, digamos, os mesmo interesses que eu. pelo mundo afora, já vi até caso de homem trocar mulher por vaca, mas eu nunca soube de alguém apaixonado por um monera. e ainda olham pra minha cara inchada de tanto chorar por paixonites que não deram muito certo e dizem 'a vida poderia ser mais simples'... vocês, certinhos, não me enganam! querem é estrago, mas não largam a máscara do convencional. :x

April 09, 2008



chegara do colégio mais uma vez com a típica cara de poucos amigos. de fato, deveriam ser poucos os que ousavam se aproximar. sorriso naquele rosto era coisa rara. e mais raro ainda era o movimento dos lábios acompanhar a alma e transparer no olhar. os tais poucos sorrisos tinham muito mais crueldade por trás do que se poderia esperar de uma criança de sete anos. largou os sapatos na soleira da porta e correu, ainda de meias, para um canto da sala. e ficou lá sentada, numa posição por demais defensiva para um ser humano, parecia um bicho de tão acuada. pôs-se a fitar uma aranha que lutava, em vão, contra a sua própria teia. quanto mais agonizava, mais se afastava da remota possibilidade de se libertar dali. a garota observou a batalha da aranha contra ela mesma, os olhos refletiam uma cavernosa perplexidade. sentiu certa empatia pelo bichinho. poderia ser esmagada por forças superiores a qualquer momento, estava presa às teias tristes que havia tecido para se proteger dos outros e se fosse comparada ao mundo, seria tão insignificante quanto aquele pequeno aracnídeo comparado ao aposento. era demasiadamente pequena e os gigantes não seriam complacentes com ela, nunca haviam sido. era como a alice, só que sem coelho, sem razões pra ir seguindo pela estranheza afora. a aranha era amiga, reconhecia naquela quase-ser marrom cheio de patas sua impotência. queria encontrar em si mesma, agora, a resignação. então foi deitando, lentamente, no ártico chão da sala. ao sentir sua espinha encostar na superfície gélida deu um suspiro e apertou os olhinhos. foi se entregando. e se entregar era tão bom...


April 02, 2008

re-jei-ção: do latim 'rejectione', ato ou efeito de rejeitar; recusa, repulsa.
sempre que os devaneios vão de encontro a essa palavra, me vem à mente a primeira desconfortável lembrança de não-pertecer. era uma daquelas tardes chuvosas, em que o céu ficava com aquele tom triste e o pátio de cimento, tonalidade tão infeliz quanto a do tal céu, transformava-se numa pequena lagoa. eu ficava ali, sentada no canto, enquanto todas as outras crianças pareciam se deliciar com o infortúnio celestial. na terceira série eu já tinha percebido que nunca me encaixaria: pertencia aos pólos e aos pólos, não pertencia mais ninguém. de repente, não era mais a primeira da fila, não era mais a menorzinha que precisava pegar na mão da professora pra não perder o caminho. tinha crescido e agora era a última, a desproporcional, a assimétrica. tudo era pequeno e eu havia me tornado incapaz até de me perder. ao final da tortuosa marcha de volta para a sala, parecia ser a única que não havia sido tragada por uma onda de mar furioso. 'seca' era exatamente a palavra que poderia me definir em tal circunstância. seca por fora, por não ter tido nenhuma amiga que me puxasse pela mão pra correr por debaixo das bicas de improviso. seca por dentro, nem, ao menos, conseguia me mostrar triste por ser tão deslocada. 'professora, desliga o ventilador. tá TODO MUNDO molhado e tá fazendo um frio...' 'mas e eu, tia viviane? eu não me molhei! não me comportei como uma bárbara que não tem chuveiro em casa. estou seca, estou com calor, compreende?', quis dizer e nem disse. paciência! era sozinha demais, nem minoria eu conseguia formar. mesmo não tendo proferido uma palavra de revolta sequer, a professora pareceu ler as frases se formando na minha mente. me olhou, cúmplice, com aqueles olhos verdes, sardinhas salpicadas em volta, e disse: 'e lá fui eu que os molhei? vai ficar ligado, sim'. sorri pra ela, que pareceu ter entendido a minha gratidão. quanto alívio, não tive voz e fui ouvida! mas naquele mesmo dia em que me acudira da rejeição, me fez provar o amargo gosto da exclusão infantil. 'trabalho em grupo'. aquela junção de palaras me fazia estremecer por dentro. era sempre a mesma coisa: as melhores amigas se juntavam a um par de outras melhores amigas e um grupo se formava. e outro. e outro. e eu... sentada ali, naquele meio, rosto queimando do ridículo. queria gritar 'E EU?!', se já falasse palavrão ia querer gritar 'meeeerda, e eu, porra? com quem eu me junto nessa merda?', mas já sabia que a humilhação seria oito vezes pior, caso demostrasse me importar. não suportaria uma humilhação tão amplificada. então, melíflua, sorri 'posso fazer só? me arranjo bem com as minhas idéias'. e pude. fui ficando só, crescendo só, brincando só, correndo só, chorando só. me tornei uma solidão. acostumar com companhia foi difícil. meus amigos eram os livros, o piano, o dálmata, o diário, o computador, as palavras-cruzadas... éramos 7. 'professora, eu já tenho um grupo!'.

March 25, 2008

esperou, esperou, esperou. o coração pulava feito um menino ao completar a coleção de carrinhos. ainda assim, fingia que não se importava. só se decepcionava, e como! e como era ruim, e como era fácil se decepcionar! se pudesse, se trancaria num quarto escuro. nele, só entraria música. mas não podia, fazer o quê? chorou, chorou, chorou. quis escrever, nem conseguiu. mas será possível que até isso ele tinha conseguido roubar? chorou mais um pouquinho. então lembrou do sonho em que o passarinho preto e amarelo ia fugindo. quanto mais ela perseguia, mais ele queria distância. enquanto buscava, desesperadamente, o carinho do pássaro fujão, um outro lhe implorava carinho. olhinhos brilhantes de quem havia sido abandonado. quis voltar pro sonho e afagar quem merecia. não conseguiu. nada fazia sentido e sabia que ela mesmo havia perdido as peças do quebra-cabeça.

a casca das pessoas não importa. não importa mesmo. veja bem, nem a casca do pão importa. eu mesma, tiro. conheço muita gente que também não come. e nunca soube de um caso de pessoa que deixasse miolo de lado e fosse comer só a casca. só a casca não vale nada, fica por fora só pra proteger. às vezes, nem pra isso serve. eu me lembro que quando era pequena e voltava do colégio de ônibus, gostava de sentar nas cadeiras altas. eu ficava distante, sem ouvir uma palavra daquelas milhares que o meu pai dizia. cada pessoa que entrava, era uma casca nova. eu analisava, tirava conclusões, sabia de cada detalhe da vida só pelas cascas. hoje, pensando nisso, percebi que não. que sabia eu sobre aquelas pessoas? nada. só via a casca. e já disse, de nada vale a casca. é amarga, é escura, o lado ruim fica por fora. acho que o pão tem casca porque, no fundo, não quer ser comido. aliás, quem quer, né? do mesmo jeito que a gente não quer ser engolido pela morte, o pão deve ter medo dos nossos dentes afiados. criou a casca por isso, achando, coitado, que as pessoas iam desistir de acabar com ele, se sentissem o fel da casca na primeira mordida. acho que as cascas das pessoas tem função parecida. a gente não quer proximidade. a gente quer um outro distante.

March 24, 2008

ficava sentada, querendo dizer alguma coisa, mas não dizia. calava até o que deveria ser proibido calar. fitava aqueles olhinhos pequenos, desenhados à mão, e jurava para mim mesma que, um dia, não importava quando fosse, não esconderia nada. que dia mais distante, nunca chegava! nem o dia, nem o ponto. ficava ali, olhando e desviando, o olhar e as vontades. olhava pela janela, para o livro, para a porta, para qualquer coisa que não fosse a coisa que mais merecia a atenção. parada solicitada.

a teve ligada em algum telejornal repetitivo só pra encher a sala de presença. presença que ela, tão compenetrada em sua leitura, não conseguia dar ao ambiente. esparramada no sofá, com as longas pernas finas jogadas pra cima, tentava concentrar-se somente no livro. quando havia se tornado tão difícil se concentrar? merda! não se sabe como conseguia deitar-se naquela posição, só se sabe que deitava. contrastando com a imobilidade do corpo, a mente estava agitadíssima, se contorcia, dava voltas naquela adoidada cabeça e sabe-se lá onde mais. estava ali e em milhares de lugares diferentes ao mesmo tempo. 'chegam pessoas de mais variadas classe socio...', 'nunca sentia a vida monótona...', 'foooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooon', 'mas será que? acho melhor saber de uma vez por todas...', tic tac tic tac tic tac'. tv, livro, freio, buzina, música, vento, motor, pensamentos, relógio... mas concentração já havia sido item mais fácil de achar no supermercado! parou, sentou, respirou fundo. o barulho da respiração ecoava alto como a briga entre os acordes nos carnavais que passou no interior quando menina. precisava saber, mas não tinha certeza. o que era pior? aquele aperto no peito que talvez não fizesse sentido ou a convicção? existe certeza boa, mas também existe certeza ruim... ai, deus! era melhor saber ou não saber? não sabia. aliás, sabia sim, sabia que não podia mais com aquela tamanha dúvida, era fato. a dubitação corroía, corrompia... como doía aquela lástima! ah, como doía! decidiu-se. caminhou até o envelope, com cuidado e com um mar se preparando para escorrer pelos olhos. sabia que ali se encerraria a dor do não-saber, mas poderia começar uma pior. abriu, o coração aos pulos, aos galopes, já bem longe do peito, perto de plutão, coitado, que nem era mais planeta. leu até o fim. era ali que estava escondida a concentração, afinal? por fim, soube.

March 21, 2008


eu acho que acabou. sinceramente, acho sim. todos aqueles sinais que apareciam em todos os lugares foram sumindo de tal modo que, se é que ainda existem, são imperceptíveis. pra te falar a verdade, ultimamente, os únicos sinais que eu ando vendo são aqueles perto do meu peito e os semáforos (que sempre estão fechados, nos dias em que eu mais preciso chegar rápido). sem mais músicas, sem mais relógios marcando hora e minutos iguais, sem mais qualquer coisa besta que lembre você em todo lugar. a vida é assim mesmo: basta um novo porre pra curar uma ressaca e eu já entornei a segunda taça de vinho.

a chuva vinha se formando, o céu se tornava cada vez mais sombrio com aquelas nuvens escuras borrando as bravas estrelinhas que ainda ousavam tentar brilhar. estavam opacas, tão ofuscadas pela crueldade das nuvens que se tornava óbvio o fato de que haviam morrido há tempos... o melancolia tomava conta do dia frio, enquanto o fraco odor do cigarro trazia lembranças trancadas num armário escondido da mente. a nicotina dava um conforto tão desconcertante que era difícil de explicar, e o exasperado sentimentalismo invadia tudo com aquela amolante noção de passagem do tempo. a varanda havia sido inundada por gotículas geladas de uma chuva lastimosa. definitivamente, teria sido um dia péssimo de se viver, não fosse aquela lua... todo aquele estado mórbido de tristeza se dissolvia com a cena. estava cobrindo boa parte do céu, iluminava as casinhas desordenadamente amontoadas no morro. os pontinhos de luz vindos delas pareciam tão insignificantes ao tentar lutar contra aquela claridade maior, que eu senti pena deles. o dia queria começar a raiar, mas não teve coragem de expulsar a bela imagem do céu. preferiu ficar escondido atrás do monte, apreciando, extasiado. não seria justo tentar descrever como se apresentava a lua, nenhuma combinação de palavras existentes poderia explicitar para alguém como ela estava. o fenômeno merecia todos os olhares tortos desse mundo torto, mas os ponteiros do relógio já marcavam as cinco horas, poucas almas estavam de pé naquele gélido momento. aquela lua deve ter salvo a vida de algum depressivo sazonal que desejava a morte depois de um dia tão frígido, deve ser o tema de todas as canções que se apresentarão nas rádios nos próximos 300 anos. aquela lua me deixou imobilizada. eu teria morrido apreciando-a. eu estaria lá, agarrada àquela imagem, até agora, não fosse a incessante buzina do táxi, ansiosa pra me separar do meu mais intenso flash aesthesis. caminhei até o carro que me obrigou a sair do transe, com lágrimas que se misturavam a chuva fina e insistente. olhei mais uma vez para o céu, na esperança vã de que aquela lua nunca mais fosse desaparecer. eu não me importaria em viver eternamente num fim de madrugada chuvoso, se eu pudesse ter aquela imagem no céu pra sempre. ao vê-la esmaecendo a cada passo que eu dei, tive a certeza: aquela lua só se fez tão bonita porque eu esqueci meus chinelos na varanda. foi pra salvar meu dia que ela apareceu ali. e, ao perder minha atenção, perdeu a vontade de ser a mais bela das luas. o dia, decepcionado com o fim do espetáculo, começou a impor sua luz azul clara no céu cinzento. por fim, amanheceu.

novamente estavam ali, sentados, os três... as luzes da teve incidiam sobre os três pares de olhos atentos. era um espécie de dejá vù, inacreditável aquela capacidade que tinham de fazer o tempo voltar. a seqüência de gestos, a inquietude das pernas, as pausas no filme, a impaciência... tudo estava do mesmo jeito, mas as quatro paredes que os rodeavam haviam mudado bastante. na verdade, eles também haviam mudado. cabelos com cortes e cores diferentes, sobre os rostos, antes infantis, uma maturidade inesperada. incrível como as marcas de expressão aparecem, sem dó, num intervalo tão curto de tempo...


March 18, 2008

a minha irritante mania de achar que tudo, no fim, vai dar errado só tem uma vantagem: é sempre assim mesmo.

caminhava, passos curtos, lentos, melancólicos. parecia fazer parte daquela rua, tão cinzenta que estavam. perceberia cada grão de areia nas rachaduras do chão, caso aquele olhar fixo estivesse, de fato, concentrado no solo. não, o olhar ia além das rachaduras, da areia dentro delas, do magma... era mais profundo que qualquer coisa que fosse e, talvez, que qualquer coisa que nem ousasse ser ainda. tão desatento que estava, pisou em alguma coisa que encontrou em seu caminho. creck. despedaçou aquele coração largado. estava ali e ele nem notou, deixou que se afogasse na chuva daquele dia cinzento e continuou andando... até quando seria tão côncavo?



eu não precisei sair da alfabetização pra conhecer a grande verdade da vida literária: a vontade de escrever é inversamente proporcional a necessidade de escrever. as malditas palavras vão fluir, incessantes, incansáveis, irritantes, numa tarde ociosa de terça-feira nas férias, porém, se esconderão na mais tenebrosa vala cerebral um dia antes de terminar o prazo de fechamento de um matéria valendo nota (provavelmente se escondem ainda melhor caso a matéria valha um salário, mas eu ainda não cheguei em tal fase desesperadora). eu tento, tento, tento, mas não sai. a primeira frase está empacada feito uma mula velha e não há nada que a faça dar uma voltinha no papel. isso me lembra meu primeiro exercício de 'escreva, pois você está sendo obrigada'. deve ter sido na primeira série (e se repetiu por longos e árduos anos até que eu saísse do fundamental). contar como as férias haviam sido não era nada extraordinariamente impossível, mas o fato de estar sujeita a pena de perder um intervalo, caso não o fizesse, me deixava completamente travada. escrever não deveria ser uma obrigação, uma sentença, um martírio... deveria ser vontade, necessidade, uma ânsia incontrolável de jogar palavras pra fora de si mesmo. é mais ou menos como tirar água de um poço: se está cheio vai, invariavelmente, transbordar; se está seco pode até dar um pouco de água, mas, na melhor das hipóteses, ela vai estar cheia de pedrinhas.

March 17, 2008

Acidentes na madrugada e manhã de domingo terminam com a vida de duas adolescentes

Dois acidentes ocasionaram a morte da estudante Carla Tamires Alves (19). Na madrugada do domingo 9, um corsa azul, placa HZN-9292/SE, capotou no município de União dos Palmares. Seis passageiros estavam dentro do veículo no momento do desastre. A estudante Jaine da Silva (16) veio a falecer na hora. Carla, uma das cinco pessoas feridas no capotamento, precisou ser enviada para a Unidade de Emergência da capital, no entanto, um segundo acidente envolvendo a ambulância do hospital São Vicente de Paulo, que realizava a transferência, deu um desfecho duplamente trágico a breve história da sua vida.

Carla Tamires era estudante do 5° período do curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Alagoas. Residia em União dos Palmares, mas freqüentava, assiduamente, as aulas no Campus A. C. Simões, que fica na capital. Segundo o professor Nilton Resende, Carla era uma boa aluna. 'Era inteligente e tinha participações interessantes nas aulas. Foi sempre simpática, não havia uma vez que cruzássemos que ela não falasse comigo'. Os amigos e companheiros de ônibus taxavam-na como uma garota comunicativa. 'Ela era bem alegre quando estava em seu grupo, mas costumava ser meio desconfiada com desconhecidos', diz Carlyson Geijine, seu conterrâneo. Era uma menina engajada e articulada. Por sua habilidade com as palavras, tinha conseguido até um emprego na sua cidade. Mas tal voz, que tinha um grande futuro como comunicóloga, foi silenciada devido a duas imprudências no trânsito. Ao saber dos dois desastres na mesma madrugada, a reação da maior parte das pessoas é dizer 'Era o dia dela mesmo'.

O responsável pelo primeiro acidente foi um professor que havia dado aulas para Carla no cursinho. Ele se ofereceu para levar a moça e suas duas primas de volta para União, ao fim de uma festa em São José da Lage, município vizinho. Embora a capacidade de lotação do veículo já houvesse sido atingida e ele estivesse visivelmente embriagado, as garotas aceitaram a carona. Segundo as próprias vítimas do acidente, o motorista estava guiando de maneira irresponsável e, no intento de não atingir um idoso que trafegava de bicicleta na BR-104, o motorista, conhecido como Joelson, perdeu o controle do carro. Jaine sofreu uma pancada forte na cabeça e faleceu na hora. Um dos rapazes que estava no veículo, foi lançado para fora do mesmo, devido ao impacto da batida. Os outros dois passageiros e o motorista sofreram ferimentos mais leves, mas Carla Tamires corria risco de morte. O segundo acidente, ocorrido durante a transferência de Carla para a capital, foi resultado de uma outra manobra imprudente. De acordo com o motorista da ambulância, ele teria saído da pista devido à irresponsabilidade do guia de um outro veículo não-identificado. O motorista e o enfermeiro não sofreram ferimentos e o automóvel Ipanema, de placa MUA-2477/AL, não ficou muito danificado. A jovem veio a falecer porque já tinha sofrido lesões severas no primeiro acidente.

'Devemos viver cada momento intensamente, pois, às vezes, esperamos tanto pela grande felicidade que acabam passando, despercebidas, as pequenas e constantes alegrias'. Disse Carla, em seu último texto, com sábias palavras de quem soube como aproveitar o tempo que tinha.


Trágica coincidência

Um ano antes, uma outra estudante de comunicação social também chamada de Carla, sofreu um trágico acidente: ao pular de uma tirolesa na praia do Francês, o mosquetão que segurava o corpo da jovem abriu e ela foi arremessada à areia de uma altura de 15 metros. Dizem por aí que a trágica coincidência anda tirando o sono das Carlas de nome composto de Relações Públicas noturno, mas, calma, meninas, não existem tantas semelhanças assim entre os acidentes para que vocês se preocupem...


(essa é a matéria na íntegra, mas o censores não me deixaram publicar na sala porque disseram que era pregar com a karlinha).

March 15, 2008

'pare de procurar, a felicidade está bem ao seu lado'.
pois é, não há nada que me deixe mais feliz que um ventilador ligado no máximo, numa ensolarada tarde de sábado. (:

March 13, 2008

da mesma maneira como os camareiros do titanic estavam mais preocupados com os cinzeiros não esvaziados do bar do que com o enorme buraco do lado do navio, que deixava entrar milhões de litros de água; eu também estava preocupada apenas com o que não tinha importância e ignorava, assim, o que era vital. algumas vezes, é mais fácil dessa maneira. porque, embora eu não pudesse fazer droga nenhuma com relação ao enorme rombo, ainda estava ao meu alcance esvaziar um cinzeiro. bela analogia.

March 12, 2008


já fazia tempo que não se permitia, que não conseguia enxergar as cores através do opaco do mundo e, apesar de sentir todo o peso do não-sentir nas costas, sabia que tudo estava menos complicado. não que o menos complicado fosse mais interessante, não era mesmo. na verdade, começara a perceber que o drama é a engrenagem das boas histórias e a dela estava começando a se tornar mais uma folha em branco que uma crônica em si. só que, por outro lado, sabia que todos os romances tinham o mesmo desfecho e nada se pareciam com aquilo que se via nos filmes. mudavam os atores, o cenário, o contexto, mas nem precisava chegar na metade pra saber que os créditos atropelariam o coração. e ele ficaria esmagado na tela até que outro um novo ator se sentasse do seu lado para o início de uma nova sessão.

tu me fais tourner la tête,
mon manège à moi, c'est toi.
je suis toujours à la fête
quand tu me tiens dans tes bras. ♪

brinde à aula de francês. :)

you're just too good to be true
can't take my eyes off of you!
you'd be like a heaven to touch
i wanna hold so much!
you're just too good to be true,
can't take my eyes off of you. ♪

eu fico babaca por tão pouco. :O

March 10, 2008

existem duas forças atuantes opostas: uma é a vontade de ir até lá, de falar, de dar uma de joão sem braço. a outra pára, reprime, imobiliza. e, entre as duas, eu, sendo dilacerada. alguém poderia me dizer qual a fórmula para solucionar meu problema físico-mental?


(p.s.: acho dilacerada tão dramático!).

resolvi focar no meu drama agora porque parece que tudo está se resolvendo pra outra maria do bairro.
vocês conhecem aquele instante, bem no final de um relacionamento, quando todos os nossos amigos se reúnem em torno de nós e dizem uma porção de coisas aborrecidas, como 'tem muito homem por aí' e 'ele jamais a faria feliz'. bem, quando eles chegam ao trecho sobre 'com o tempo tudo isso passa', tente lutar contra seu impulso inicial de dar um soco no olho de cada um. não faça isso, porque é realmente verdade. eu era uma prova viva. o único problema com relação à cura com o passar do tempo é que ela demora um bocado. então, por mais eficaz que seja, sua utilidade é muito pequena para os que têm pressa.
eu juro.

você está passando por um momento difícil? calma, vai passar!
olhe, não fique assim não, vai passar. eu sei como dói. é horrível. eu sei que parece que você não vai agüentar, mas agüenta. sei que parece que vai explodir, mas não explode. sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar. (fernando pessoa escreveu, num momento parecido: "hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu").
dor é assim mesmo: arde, depois passa. QUE BOM! aliás, a vida é assim: arde, depois passa. QUE PENA. a gente acha que não vai agüentar, mas agüenta: as dores e a vida. :D
pense assim: agora tá insuportável, agora você queria abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa. mas agora já passou; agora já são dez segundos depois da frase passada; sua dor já é dez segundos menor do que há duas linhas atrás. você acha que não porque esperar dor passar é como olhar um transatlântico no horizonte se você está na praia. ele parece parado, mas aí você desvia o olho, toma um picolé, lê uma revista, dá um pulo no mar e quando vai ver o barco já tá lá longe.
a sua dor, essa fogueira na sua barriga, essa sensação de que pegaram sua traquéia e o seu estômago e torceram como uma toalha molhada, tudo isso - é difícil de acreditar, eu sei - vai virar só uma memória, um pequeno ponto negro diluído num imenso mar de memórias. levante-se daí, vá tomar um picolé, ler uma revista, dar um pulo no mar. quando você for ver, passou.
agora não dá pra ser feliz. é impossível. mas quem foi que disse que a gente deve ser feliz sempre? isso é uma bobagem. como cantou vinicius: "é melhor viver do que ser feliz". porque pra viver de verdade a gente tem que quebrar a cara. tem que tentar e não conseguir. achar que vai dar e ver que não deu. querer muito e não alcançar. ter e perder. tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de quem a gente ama e ter coragem de dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de quem a gente ama e ouvir uma coisa terrível, mas que tem que ser ouvida. a vida é incontornável. a gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. dói. ai, eu sei como dói! mas passa.
tá vendo a felicidade ali na frente? não, você não tá vendo, porque tem uma montanha de dor na sua frente. continue andando. você vai subir, vai sentir frio lá em cima, medo e cansaço também. vai querer desistir, mas não vai desistir porque você é forte e porque depois do topo a montanha começa a diminuir e o único jeito de deixá-la para trás é continuar andando. você vai ser feliz.
tá vendo essa dor que, agora, samba no seu peito de salto agulha? você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. juro que tô falando a verdade, eu não minto. vai passar. (yn)

bem, texto especialmente dedicado a você, miga. :)
eu espero, do fundo desse coraçãozinho, que tudo tenha sido um grande mal entendido, que você (como toda e qualquer garota, de natureza incontonavelmente dramática) esteja fazendo uma tempestade tropical numa xícara de café. mas, caso esse otimismo todo seja cegueira de amiga - o que é normal, acontece sempre - espero que você saiba que vai passar. é, eu sei, clichê maldito esse, né? mas acho que de todos, é o mais verídico.
eu sei, eu sei... eu não sei aconselhar, eu não sei conversar, eu não sei falar sério, mas quando se nasce com alma de macaco circense fica difícil de mudar mesmo que por poucos instantes. mas fique ciente de que 'se teu coração tem buraquinhos, juntas poderemos ajudar, nós vamos curá-lo com carinho e, com muito amor, ele vai sarar'. vou parar por aqui porque você acabou de entrar no msn e porque daqui a pouco você não vai ter mais saco pra ler. espero que você fique bem, que você pense em coisas que te façam bem, que você sonhe com coisas que te façam bem. você merece dias coloridos e uma vida recheada de boas coisas (frase brega detected!), então, nada que te faça mal deve ser levado muito à sério. :D

quero muito bem a você, portanto, peste do céu, fique feliz, seja feliz, sempre. :D
tqm. :D:D

March 06, 2008

sim, bixiguento da boba da peste, eu gostaria muito que você cuidasse do meu lindo pezinho. saisse procurando, de reino em reino, o meu pobre pé machucado pra colocar um sapatinho de cristal (ou de couro de jacaré africano, que fica mais personalizado). aliás, por mim, você cuidava era de mim toda, a partir de agora mesmo. mas, se eu bem [não] lhe conheço (já que já ficou mais que claro que a gente nunca vai se conhecer de fato), é tudo faro. amanhã, um vai olhar pra cara do outro e no máximo rir e você não vai nem me ajudar a me levantar, caso eu caia no meio da pista. então, eu sugiro que você vá cuidar do pé de outra. ora merda também. por que tu é assim, hein?
p.s.: eu te pegava facinho, facinho, amanhã mesmo, se você quisesse. :x

(eu precisava escrever isso em algum lugar pra não deixar por scrap, sabe?).
saueiosueouoeuoasueosueoausoeuaoseuoase.

March 04, 2008


pensava que, se escrevesse, conseguiria esvaziar a cabeça, conseguiria levantar-se sem que o peso das idéias fizessem com que ela afundasse mais uma vez, mas nem a carruagem que sempre possibilitou a fuga era capaz de ajudá-la nesse momento. as palavras eram demasiadamente densas e colocá-las para fora era tão difícil quanto carregá-las em si. a única saída era permanecer estática até que alguma força maior pudesse fazer com que tudo mudasse, mexesse, acabasse.

só precisava acordar em paz, sem que um milhão de pensamentos inundassem sua mente em uma fração de segundos. queria que a ansiedade fosse como uma garrafa que se joga no mar e vai indo embora até chegar em outro continente, em outro mundo. aliás, queria, ela mesma, ser a própria garrafa. então, poderia se atirar pra longe, sem a menor pretensão de voltar.

March 01, 2008

Clarice acordara com o barulho da CHUVA batendo em sua JANELA. Não levou muito tempo para perceber que aquele dia não seria um dos melhores. O primeiro pensamento que veio à sua mente, naquela manhã cinzenta de domingo, foi a terrível briga que tivera com seu namorado no dia anterior. Decidiu que precisava organizar os pensamentos no papel, escrever em uma carta tudo o que pretendia dizer a ele, mas, pessoalmente, não teria coragem. Levantou-se, foi até a escrivaninha, muniu-se com lápis e papel e começou...
'Bom dia, ex-namorado, me causa um grande SOFRIMENTO escrever esta carta, mas ela tinha que ser escrita. Em primeiro lugar, gostaria de avisar aqui que você não é mais meu namorado. TALVEZ você não tenha entendido a dica que eu dei ao começar a carta com um 'bom dia, ex-namorado'. Mas TUDO bem, você sempre foi meio desprovido de INTELIGÊNCIA... Pelo mesmo motivo, vou evitar usar palavras mais elaboradas como 'IMPRETERIVELMENTE' ou 'CONCOMITANTE', não vou te mandar 'ósculos' em vez de 'beijos'. Às vezes, eu me pergunto como consegui perder tantos meses com uma pessoa que não descobriu os prazeres da fabulosa arte da prolixidade. Trocando em miúdos, eu não consigo entender como eu passei tanto tempo com um cara burro como você. Talvez você esteja se perguntando por que eu tomei essa drástica decisão, calma. Vou, detalhadamente, explicar cada um dos motivos que me levaram à ela (aconselho que se sente, você é tão cheio de defeitos que eu acho que vai levar um tempinho até que eu liste todos eles). Pra começar, você nunca foi um bom namorado. Talvez tenha soado meio duro, né? Só que você não é mais nada meu, eu não preciso medir as palavras (ah, se você soubesse quanta ALEGRIA isso me dá...). Como é que você volta da viagem que fez no CARNAVAL e nem liga pra dizer que está bem? Eu fiquei preocupada, pensei que você tivesse sofrido um acidente, que estivesse no hospital correndo risco de VIDA, precisando de alguém pra doar sangue. Eu ia doar sangue, sabia? Mesmo tendo pavor a ver aquele líquido VERMELHO passando pelas cânulas, eu teria doado por você... (teria, porque se a sua SAÚDE depender de mim de hoje em diante, considere-se um CACHORRO morto). Enquanto eu me preocupava, você estava em uma FESTA, todo queimado do SOL, dando em cima da Bia (é, eu soube, amigão!). Implicava com minha AMIZADE com os meninos, mas era o primeiro a dar umas voltinhas fora da cerca, né?
Eu tentei, pôxa, eu juro que eu tentei... Eu tentei fazer você mudar; eu tinha FÉ em Deus que, um dia, você iria mudar; eu tentei me acostumar com a idéia de que você não ia mudar; eu tentei fazer você entender que eu odeio CHOCOLATE... sem SUCESSO. Você continuou sendo o mesmo imbecil de sempre, eu continuei acreditando que você seria diferente e você continuou me dando chocolates a cada data comemorativa. Que raiva, que raiva! Você bagunçava meu QUARTO, tirava meus cds da ORDEM alfabética, andava com os pés sujos de areia na CASA de PRAIA. Como eu te agüentei por tanto tempo? Eu deveria ter escutado meus AMIGOS.
Você era ciumento, não me deixava em PAZ, não me ouvia, me tratava como se eu fosse sua escrava. Agia como um faraó enclausurando em sua PIRÂMIDE NORMAL, enquanto a serva aqui fazia tudo o que você ordenava. Agora eu olho pela janela e o ódio por você, PAULATINAMENTE, me corrói. A vontade que eu tenho é de tacar um PARALELEPÍPEDO na cabeça da irritante da minha vizinha, que não pára de gritar. A voz esganiçada da imbecil, me lembra a da dubladora da babaca filha do pastor daquele filme que você me obrigou a assistir em português porque é estúpido demais pra acompanhar a legenda.
ENTRETANTO, eu não posso mentir... Talvez, eu sinta um pouco de SAUDADE de você, do CARINHO que você fazia na minha orelha até que eu dormisse, dos SONHOS que a gente tinha de envelhecer juntos... Até hoje eu morro de rir quando eu lembro da COCA-COLA que eu derrubei na sua camiseta no dia em que a gente se conheceu. Acho que outro cara teria me matado, mas você foi tão legal, viu que eu só fiz aquilo porque ficava nervosa com a sua BELEZA, foi bonitinho da sua parte. Também acho bonitinho quando você briga comigo porque eu não ESTUDO, quando eu não como a salada da minha MÃE, quando você pega o VIOLÃO e toca alguma MÚSICA que eu gosto. Foi legal naquele dia que você me levou pra ver a lua cheia iluminando o MAR e me pediu em namoro...'
Quando chegou a esse ponto da carta, seus olhos já estavam vermelhos de tanto chorar. Tinha CERTEZA de que se arrependeria se dissesse tudo aquilo, afinal de contas, ele nem era tão ruim assim. QUASE todos os defeitos eram só implicância. Ele nem tinha dado em cima da Bia, coitado. Passou a festa toda dormindo com a cabeça apoiada em um LIVRO, num canto do quarto. A maior parte dos problemas era resultante de uma falha de COMUNICAÇÃO entre os dois, nada que não pudesse ser facilmente resolvido com uma boa conversa. Aliás, se ela desse o primeiro passo, já seria um grande PROGRESSO. Clarice respirou fundo, amassou a carta e a jogou no lixo. Pegou seu telefone, discou os números tão ansiosa que quase não conseguiu acertar a combinação:
- Amor?


(minha pequena redação tosca). :D

February 27, 2008

existem riscos que não podemos correr;
outros que não podemos deixar de correr, meu bem.
o universo é gigante de mais pra rolar um dado ao acaso.

(já disse que o sandro é um gênio?)










February 18, 2008

e quando sentir minha falta, me procure nas minhas palavras. elas me traduzem, dizem o que eu gostaria de ser e, por vezes, elas são o que eu sou por dentro posto pra fora.

February 16, 2008


ah, eu não vou mentir: eu queria acordar utilizando palavras como 'nuances', 'penúmbra' nos meus tão pobres e não-sofisticados escritos. queria acordar com um vocabulário requintado, com textos que mudassem as estruturas da literatura mundial, proferindo as declarações mais incríveis, fazendo com que leitores, boquiabertos, ficassem absortos em pensamentos de 'ela conseguiu exteriorizar tudo o que eu sinto em pura poesia. que gênio!'. mas não. nem acordei hoje, nem acordarei amanhã assim. continuo sem saber de sonetos; não consigo criar mirabolantes metáforas; nem cordel, está entre os meus dotes (embora eu assuma que possa fazer riminhas graciosas). bem, pelo menos assim, eu posso exercitar meu egoísmo e guardar tudo o que é meu pra mim. como já, sabiamente, disse lygia - ela sim sabe muito bem como usar as palavras - 'escrever sem pensar em publicar', mas não por amor ao inútil e sim, por não querer fazer papel de idiota pelos livros mundo afora.
eu sei que, às vezes, fica até difícil de acreditar nessa coisa miraculosa de 'é-você-quem-toma-as-rédeas-da-sua-vida', mas, pense bem, num mundo onde um puddle cadente matou três pessoas, se você está morrendo de tédio, a culpa é toda sua.


February 15, 2008

...

sei que a solidão é dura às vezes de aguentar; mas, se é dificil carregar a solidão, mais dificil ainda é carregar uma companhia. a companhia resiste, a companhia tem uma saúde de ferro. tudo pode acabar em redor e a companhia continua firme, pronta a virar qualquer coisa para não ir embora: mãe, irmã, enfermeira, amigo...


February 14, 2008


e o que eu ganhei com as minhas quase duas décadas de eu-não-quero-não-devo-e-nem-posso-me-comprometer?
um coração livre pra pular de um abismo: ele ficava alegre nos três primeiros minutos da aventura, mas percebia que estava sem para-quedas e acabava por se esborrachar no chão.

February 12, 2008


na aula, na praça, na praia, no carnaval, na cidade de interior, na igrejinha, nas grandes festas, na esquina do prédio, na banca de revistas, na padaria, no quarto do hotel, em toda a universidade, no círculo de amizades, no café do aeroporto, no clube de tênis, na roda gigante, na quitanda, no meio da rua, na biblioteca, dentro do cinema, na porta do teatro, no jogo de futsal, no cyberespaço, na casa da vizinha, no carteado de sábado, no desfile das misses, na praça de alimentação, no restaurante chique, no boteco de beira de estrada, na fila do banco, no show dos hermanos, no estacionamento, no apertado do ônibus, no jardim de infância, na sorveteria, na sapataria, na livraria, em todo lugar que eu ia. em cima da mesa, embaixo da pia, dentro da carteira, na cama vazia, dentro do estojo, no bojo do sutiã, no cesto de roupas sujas, no bolso da calça que não cabe mais, na sacola do lixo, dentro do microondas, embaixo do tapete, atrás do espelho, perto do relógio, na gaiola da cacatua, na areia do gato, na caixa de cds, ao lado do telefone...

talvez 'o gerry' estivesse em cada canto que eu procurei e em cada lugar que eu deixei passar.

'tudo talvez gire em torno de alguém', acho que é por isso que tá tudo parado. enquanto ninguém aparece para ser a força motriz da minha vida, ela tá estática, em preto-e-branco, empoeirada, tediosa e sem sentido. como uma criança espera a mãe chegar da loja com um brinquedo novo; um cachorro, ao ouvir o motor do carro, espera seu dono na porta; e uma flor espera um outono ir embora pra poder dar o ar da graça, eu espero o roteirista da minha vida sair da greve. e que ele me tire de casa, me mude de rumo, destrua o meu caminho, construa a minha ponte, me leve pro outro lado, me faça conhecer o mundo, as melhores pessoas, os gostos mais fortes. eu quero que ele pegue o lápis e me faça feliz, encontrar minha paz e um amor pra vida inteira! e, quero mais, quero que ele acabe com esse amor e com essa paz, me deixe insana, sem paredes de espuma pra me proteger. que ele me deixe cair e depois me levante lentamente, com as pernas ainda quebradas, e me coloque pra fora da ostra de novo. que me mostre um mundo diferente, esquisito, de cabeça pra baixo. que me faça sentir de verdade. eu quero que o roteirista deixe de preguiça e me invente um rumo novo, desconhecido, um lugar inabitado, que ele faça de outro jeito dessa vez. eu quero mudança, carinho, proteção e desastre. eu quero cair, levantar, escorregar de bunda no tobogã da vida, bater cabeça, entrar em coma e viajar dentro de mim mesma. depois eu quero sair de lá, acordar num sonho pra entender que os pesadelos tiveram uma razão de ser. eu quero que o roteirista levante o traseiro da cama, pegue uma xícara de café, sente em frente a máquina e escreva assim 'ela acordou no dia seguinte e notou que tudo estava diferente. ele a estava esperando (na porta do dentista, no ponto de ônibus, na lanchonete da faculdade, no cabeleireiro, na savana, na aula de snowboard, no quinto dos infernos...) só pra mostrar que ela não precisava de nada de novo, muito menos dele pra ser feliz. então, ela sorriu, mas, no fundo, já sabia disso há muito tempo...'



sabe, hoje eu acordei sentindo falta de ficar boba, de chorar, de ter vontade de ligar, de ligar e depois desligar. de ficar pensando no futuro, de ficar pensando no passado, de ficar pensando no presente que você me deu de repente. de pensar nas alegrias sem fim, nas tristezas rápidas, nas alegrias rápidas e nas tristezas sem fim, de me perder te olhando dormir, de me perder vendo que você já tinha acordado e ainda tava do meu lado. de ler as mensagens repetidas vezes, de ouvir suas besteiras, suas brincadeiras, suas implicâncias, suas palavras nem-sempre-tão-afetuosas-assim. de saber que você sabia qual era o meu perfume, o lado em que eu preferia dormir, quando eu tava triste, quando eu não queria falar, quando eu tava magoada contigo, quando eu só queria um abraço e quando eu queria algo mais. eu sinto falta de ficar louca, de me perguntar sobre o amanhã, de encontrar um verso que combinasse com a nossa história em cada música brega da rádio. de ter medo que acabasse, de ter medo que desse certo, de ter medo que continuasse do mesmo jeito, de ter medo de dizer alguma coisa que pudesse te magoar, de dizer alguma besteira que te fizesse rir de mim. eu sinto falta de sentir o coração bater rápido demais, devagar demais, estranho demais, fora do ritmo, de ficar fora de órbita. de, de repente, olhar pro lado, encontrar seu olhar e sentir como se tivesse uma pedra de gelo no lugar onde o estômago deveria estar. de sentar na areia, de ficar vendo o mar, as estrelas, os carros, os navios, as pessoas, os caranguejos, os amigos, a vida passando, seu cabelo cobrindo a sua cabeça gigante, que sempre estava lá, deitada no meu colo. de brigar com você pra colocar meu cd no som, por um pirulito, um pedaço de bolo, só pra ter uma desculpa de ficar encostada em você. eu sinto muita falta de você me decifrando, me entendendo, me deixando sem jeito, me perguntando por que minha respiração ficava estranha quando eu estava perto de você. eu sinto falta de você falando difícil, dizendo que a vida não era tão interessante sem matemática, que ketchup na pizza era crime e que eu não deveria usar o óculos no cabelo porque parecia que eu tinha duas cabeças. eu sinto falta de você sendo grosso, gentil, honesto, amigo, cúmplice, idiota, encrenqueiro, cavalheiro, confidente. eu sinto falta de perder a hora, a cabeça, o medo, a vontade de comer, o sono, você pra outra pessoa e até o último ônibus só pra poder te dar mais um beijo...

de que vale o forró?
(de que vale o forró?)
de que vale o quentão?
(de que vale o quentão?)
de que vale a languidez
do são joão ão ão? ♪

boboquices do ócio. (Y)

February 06, 2008


juntando os pedaços,
no caminho pelo qual você passou.
tentando lidar com dilemas
da minha vida 'não-tão-estressante'.
estou usando outras pessoas,
estou perdendo todas as minhas vontades,
estou me tornando um fantasma.
sem conseguir dormir à noite,
acabo passando de bar em bar.
por que a gente não pode voltar no tempo?
por que a gente não pode voltar no tempo?
por que a gente não pode voltar no tempo?
lembra de quando a gente tinha 16 anos,
daqueles porres que a gente costumava tomar?
eu te beijava no corredor e te fazia dormir.
bem, dois anos se passaram
e eu ainda sou a mesma pessoa que eu era.
você pode até me culpar,
mas foi você que disse que não dava mais certo,
largou minhas mãos e disse que precisava de muito mais.
sem conseguir dormir à noite,
acabo passando de bar em bar.
por que a gente não pode voltar no tempo?
por que a gente não pode voltar no tempo?
por que a gente não pode voltar no tempo?




February 05, 2008


lembranças eram ótimas, mas era impossível tocá-las, cheirá-las ou segurá-las. elas nunca eram exatamente como o momento havia sido e, com o tempo, se apagavam.

February 04, 2008



as pupilas se dilatam,
as artérias se comprimem,
o coração acelera,
a pressão sangüínea sobe,
a temperatura corporal aumenta,
a respiração torna-se mais
difícil e rápida,
o cérebro frita mandando
impulsos elétricos para lugar nenhum.
é violento,
é feio e é esquisito.
e se deus não tivesse feito
com que fosse incrivelmente divertido,
a raça humana estaria extinta
há muito tempo.

you fall in love, zing booom.


não consigo lembrar de uma época em que eu não estive 'de quatro' por alguém; minha primeira paixão, aos 5 anos, foi por um menino que estudava comigo na alfabetização e, ainda tão pequena, eu já era levada a atos desaconselháveis em nome do amor (como pintar com giz vermelho o nome dele no meu quarto!); depois, eu já me apaixonei tantas vezes que fica difícil de lembrar de todas: de jogadores de futebol das categorias de base de times da terceira divisão até professores, passando por todos os integrantes do nsync (ao mesmo tempo); não importa quem fosse, eu desejava com toda a intensidade!
minhas paixonites foram de apenas um vago interesse à completa insensatez. por causa delas aprendi a falar inglês, comecei a escutar reggae, mudei o jeito de me vestir e assisti a filmes pelos quais eu nunca me interessei de verdade. paixões podem mudar sua vida, são uma espécie de peste emocional: há a fase de contato inicial com o agente infeccioso, um período de incubação, a fase do delírio febril, seguida por um longo período de recuperação. nós, humanos, somos biologicamente estruturados para amar. a paixão não passa de um coquetel de hormônios liberados por algo tão simples quanto um olhar. e isso, simplesmente, não é uma escolha sua. acontece aleatoriamente, sem a sua interferência, opinião ou ajuda.

em perfeita proporção inversa, quanto mais idiota você estiver, mais perfeito o candidato em questão vai parecer. e eis o problema final: quando você pensa que entendeu as forças atuantes, alguma coisa acontece para acabar com todas as suas teorias. a única coisa que eu queria (bem como, creio eu, o resto da humanidade) saber é o que diabos me leva a sentir todo aquele alvoroço de sentimentos por um certo rapaz que, depois de certo tempo, eu vou perceber que nem era tudo aquilo lá que eu sonhava (e aí entra a questão de asteriscos nas pessoas, mas isso é assunto pra outra conversa). o que me faz dar cerca de 440 passos além do meu caminho comum, com o coração batendo forte, a respiração acelerada, as mãos tremendo, só de pensar na possibilidade de ver o
pretendente?
ficar boba, louca, fora de si ou levemente afetada, enlouquecer os amigos com as citações: 'eu o amo, dessa vez é sério, sem ele eu morro', 'ele gosta de mim!', 'ele não gosta de mim!', 'será que e
le gosta de mim?' você pode até estar pensando em o quão idiota eu sou, mas é essa a função principal de se apaixonar: tornar o indivíduo patético!

February 03, 2008


bem, nós poderíamos nos encontrar como acontece nos filmes, certo? eu passaria, apressada, segurando uma pilha de livros, depois de ter tido um dos piores dias da minha vida (talvez se eu chorasse... com uma música bem triste ao fundo, sabe aquela 'all by myself. don't wanna be all by myself, anymore'? céu meio nublado e... não, melhor, uma chuva torrencial! minhas roupas molhadas dariam, certamente, um ar dramático à cena) e você apareceria, do nada, completamente distraido, e esbarraria em mim, fazendo com que eu derrubasse tudo. você, desajeitadamente, pediria desculpas, me ajudaria com as coisas e se ofereceria para carregar tudo até o carro. soltaria um 'a gente se vê por aí', com ar sonhador e a gente acabaria se encontrando mesmo, cada vez com mais freqüência...
ou você poderia ter cadastro na mesma locadora que eu e, no mesmo dia que eu, ter a brilhante idéia de locar o mesmo filme que eu. nós já teríamos trocado alguns olhares interessasdos, mas, quando chegássemos à prateleira, brigaríamos pelo único exemplar do filme escolhido. eu argumentaria que a minha semana não havia sido das melhores e que precisava do fime para me distrair; você diria que tudo o que eu precisava era de um pote de sorvete, um telefone de celular e uma amiga desocupada e, por fim, nós decidiríamos que o mais justo era irmos ao cinema da esquina ver um similar juntos...
você poderia sentar-se ao meu lado na saída de emergência de algum show e contaria, completamente bêbado, sobre como foi tão terrível quando sua ex te deixou. eu te escutaria, provavelmente bêbada também, e te daria alguns conselhos clichês. você seguraria o meu cabelo para que eu pudesse vomitar em paz e eu choraria no seu ombro dizendo que aquilo era ridículo e que a minha mãe se envergonharia de mim se me visse naquele estado. a partir desse dia, ficaríamos próximos e, depois de um certo tempo, perceberíamos que o dia do pilequinho havia sido obra do destino...
você poderia aparecer ao lado do meu melhor amigo segurando um taco de bilhar e eu não prestaria atenção alguma em você. você poderia perguntar meu nome, as horas, pedir meu lápis de olho emprestado para marcar os pontos na mesa e eu responderia a cada uma dessas questões apática e sem paciência. você poderia continuar aparecendo, cada vez mais bonito, e eu começaria a reparar em você. alguns meses depois, eu poderia perceber o quão lindo você era. começaríamos a conversar e eu veria que nós tínhamos muito em comum. nos tornaríamos grandes amigos, confidentes, sempre sairiamos juntos. num belo dia, estaríamos sentados na beira da praia e você roubaria um beijo meu...
outro jeito legal, seria se você aparecesse enquanto eu estivesse conversando com as minhas amigas, bem distraída... você poderia chegar com um sorriso enorme, entregando algum panfleto ou algo parecido. eu tocaria de leve na sua mão e, mecanicamente, receberia o papel. balbuciaria algo parecido com um 'obrigada' e continuaria a conversar sem, ao menos, me dar ao trabalho de olhar para você. ao ver você se afastar, eu notaria que rapaz charmoso você era. você começaria a aparecer em todos os lugares e a gente poderia começar a conversar...
mas você também poderia aparecer num ponto de ônibus, na padaria, numa tarde chuvosa, numa sala de cinema, numa viagem de estudos, num jogo de basquete, numa ilha deserta, vendendo picolé, comendo uma maçã, assistindo tv, fumando um cigarro, comprando chocolates. você poderia me atropelar, me perguntar qual andar, sobre o tempo, em que rua entrar, se eu poderia emprestar uma caneta...
acho que já deu pra entender que tudo o que eu queria era que você, não importa quem você seja, aparecesse e, mais ainda, que, depois de aparecer, ficasse por um tempo...


leoa gorda e faminta? avião caído numa ilha deserta (acre)? sacrifício humano? falta de energia? zebra furiosa? casamento arranjado? retiro espiritual? preguiça? febre amarela? explosão atômica? tsunami? tendinite? lan house falida? cruzeiro das loucas? viadagem? buraco negro? kibutz? catalepsia? naufrágio? agrafia afásica? perda de senha? seqüestro relâmpago? amnésia?

dane-se, eu nem quero saber...

January 31, 2008


meu deus! eu detestava aquela história de ser adulta, detestava tomar decisões quando não sabia o que haveria escondido por trás da situação. desejava um mundo onde as coisas boas e más tivessem rótulos claros, onde música sinistra começasse a tocar no instante em que o vilão aparece na tela, de modo a não se poder confundi-lo com o mocinho. nada que force a pessoa a se angustiar a respeito nem que lhe tire o sono a noite inteira.