March 25, 2008

esperou, esperou, esperou. o coração pulava feito um menino ao completar a coleção de carrinhos. ainda assim, fingia que não se importava. só se decepcionava, e como! e como era ruim, e como era fácil se decepcionar! se pudesse, se trancaria num quarto escuro. nele, só entraria música. mas não podia, fazer o quê? chorou, chorou, chorou. quis escrever, nem conseguiu. mas será possível que até isso ele tinha conseguido roubar? chorou mais um pouquinho. então lembrou do sonho em que o passarinho preto e amarelo ia fugindo. quanto mais ela perseguia, mais ele queria distância. enquanto buscava, desesperadamente, o carinho do pássaro fujão, um outro lhe implorava carinho. olhinhos brilhantes de quem havia sido abandonado. quis voltar pro sonho e afagar quem merecia. não conseguiu. nada fazia sentido e sabia que ela mesmo havia perdido as peças do quebra-cabeça.

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