June 19, 2007

now is too late to remind you how we were...


'tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera! são as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito. são como as linhas, que partem do centro para a circunferência, que quanto mais continuadas tanto menos unidas. por isso os antigos, sabiamente, pintaram o amor menino; porque não há amor tão robusto que chegue a ser velho. de todos os intrumentos com que o armou a natureza, o desarma o tempo. afrouxa-lhe o arco com que já não atira; embota-lhe as setas, com que já não fere; abre-lhe os olhos, com que vê o que não via; e faz-lhe crescer asas, com que voa e foge. a razão natural de toda esta diferença é porque o tempo tira novidade às coisas, descobre-lhe os defeitos, enfastia-lhe o gosto, e basta que não sejam usadas para não serem mais as mesmas. gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor?! o mesmo amar é causa de não amar e o ter amado muito de amar menos.'

é, eu sei, parece ser muito sem graça aquele que fala mal sobre o amor só porque ainda não achou uma tampa velha pra cobrir a própria panela de feijão; mas vocês têm que entender os que o fazem. a falta desperta a vontade e a vontade não correspondida gera a antipatia. não que não se queira amar, só que não se tem a oportunidade. enquanto isso 'eu não preciso do que eu não tenho'. e tenho dito.


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