June 22, 2007

mais uma pessoa singular...



era uma pessoa singular, uma pessoa singular que estava se sentindo sozinha, aqueles dias.
chegava, se trancava no quarto e escutava músicas que lhe lembravam os bons tempos.
sentia que, a cada dia, perdia os vínculos com as grandes amigas...
um amor? há muito já não tinha um. correspondido, então, acho que nunca teve.
tentava se distrair e, até, conseguia, mas, vez por outra, era invadida pela certeza de estar a caminho de viver,
pra sempre, o que quase toda a humanidade considerava o maior dos males: a solidão.
já não achava graça nas coisas; quando saia com as poucas pessoas que ainda pareciam se importar, via que
quase não falavam mais a mesma língua. elas irritavam-na, faziam com que ela se sentisse mal, cada vez mais abandonada.
não entendia por que as pessoas haviam se afastado tanto dela. não era boa o bastante?
era insuportável quando a frieza do mundo invadia o seu ser.
então, escrevia para tentar exteriorizar isso; não que não conseguisse, mas era inútil
já que não havia uma alma viva que se importasse tanto a ponto de ler.
era uma pessoa singular que, a cada segundo, tinha mais certeza de que nunca iria experimentar a indescritível sensação de ser uma pessoa plural.

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